Aproveitando, a abertura que o IDE propicia, teceremos algum comentário sobre um tema que
achamos ser de capital importância no envolvimento entre humanos e,
desses com o Divino, qual seja, “comportamento e/ou relacionamento?”
No que concerne principalmente à relação do Divino com o humano, há
alguns que defendem que Deus requer um comportamento dignificante, em
detrimento a um simples relacionamento. Por conseguinte, outros entendem
que um perfeito relacionamento, é mais dignificante para Deus, que
mesmo um comportamento exemplar!
É
óbvio, que todos têm seus motivos para defender um determinado
entendimento. E comigo não é diferente, por isso, prefiro fazer uma
análise, a mais racional possível, sem se opor a razão que cada um tem.
Procurando
estabelecer relações lógicas, até de forma empírica, para compreender o
assunto proposto, baseado apenas na experiência, ou mesmo derivado de
experimento ou de observação da realidade, para então, chegar a minha
conclusão e, assim poder colocar para apreciação de todos.
Comumente
a humanidade, em sua maioria, tem defendido o comportamento, mesmo
porque é mais visível, pois tem uma aparência exterior, enquanto o
relacionamento é algo mais íntimo e de difícil definição.
Desta
maneira, fica fácil o engano, quando se toma por base um comportamento,
pois, não são aparentes os reais objetivos. Perceba o que diz o sábio
Salomão, está relatado no livro de Provérbios 21:2 “Todo o caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações.”
É,
exatamente, por não conhecer as reais motivações de cada ato praticado,
que a humanidade opta pelo comportamento, acreditando que a conduta
seja espelho do caráter, quando, na verdade, nem sempre o é.
Por
isso, acredito mesmo, que Deus enalteça mais o relacionamento que mesmo
o comportamento. E tenho uma razão lógica para crê nisso.
Imaginemos
um casal que tenha se separado recentemente. Façamos então a idéia de
que tanto o marido quanto a mulher tenha tido um comportamento exemplar.
Fantasiemos
um pouco mais, e construamos a imagem da mulher arrazoando consigo
mesma, procurando entender onde ela errou, pois, desempenhara todas as
funções de uma esposa dedicada, não encontrando motivo plausível para
sua separação!
Conjecturemos
então o jovem marido defendendo o seu argumento e, também chegando à
dura conclusão que o rompimento de sua relação matrimonial é algo
incompreensível!
Sem
querer presumir, na realidade, o que faltou a esse suposto casal, sem
sombra de dúvidas foi um relacionamento de amor e de afeto.
É
por fatos dessa natureza, que chegamos à seguinte conclusão: um
comportamento, por mais dignificante que seja, nem sempre produz um bom
relacionamento, ao passo que, um relacionamento afável, gera uma conduta
que muda as atitudes e reações do indivíduo, para melhor.
Sabe
qual o motivo que nos faz preferir o comportamento e não o
relacionamento? É pelo simples fato de não estarmos estreitamente
ligados ao pensamento de Deus!
“Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são
mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que
os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos.” Isaías 55: 8 e 9.
Apliquemos,
então, tudo que analisamos até aqui, tendo por pano de fundo, a
vivência espiritual e comportamental dos membros/irmãos de cada facção
religiosa ou denominação.
É
sabido, e todos hão de concordar, que as denominações religiosas foram
estabelecidas no planeta, como veículo para disseminar a paz. No
entanto, nem sempre é esse o resultado colhido.
Se
olharmos com critério, facilmente chegaremos à conclusão, que os
membros das facções religiosas nutrem desamor e rivalidade entre si,
quando deveriam promover o congraçamento.
Isto
acontece, pelo simples fato de que cada facção religiosa espera de seus
adeptos um desempenho comportamental conforme seus ensinamentos.
Por
existir a diversidade de compreensão eles interpretam as pessoas como
rivais, pelo simples fato de não agirem de conformidade com um mesmo
pensamento ou, entendimento.
Assim,
quando se dá demasiado valor ao comportamento atrelado ao entendimento,
principalmente religioso, gera uma animosidade ou mesmo aversão
constante, que paulatinamente se transforma num grande rancor entre as
facções religiosas, ou mesmo entre os membros de uma mesma denominação.
Agindo
desta maneira, eles acreditam que estão honrando ao Criador, quando na
verdade, estão fazendo um desfavor à reputação de Deus.
O próprio Cristo alertou sobre esse tipo de comportamento. Está registrado no livro de Marcos 7: 6 e 7 “E
ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós,
hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens.”
Isto
tem ocorrido com frequência, uma vez que os adeptos de uma determinada
denominação, até mesmo inconscientemente, dão mais crédito aos
anunciantes da Palavra, que mesmo ao autor dEla. Isto porque eles são mais agradecidos aos seus instrutores humanos, que mesmo à mensagem divina. “Porque
o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca
e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe
de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens,
em que foi instruído.” Isaías 29: 13.
De
certa forma, os que assim agem, apregoam através de seu comportamento,
que honram a Deus, quando na realidade, estão se distanciando do mesmo,
por não nutrir um relacionamento amoroso e racional!
Se
nos encontramos nessa condição, precisamos urgentemente nos conectar a
proposta de Deus, para desenvolver um relacionamento com Ele. Uma vez
feito isso, não mais nutriremos um sentimento de superioridade em
relação aos nossos semelhantes, pelo contrário, nos sentiremos iguais,
na mesma condição de dependência a Deus. “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há masculino nem feminino; porque todos vós sois um, em Cristo Jesus.” Gálatas 3: 28.
Uma
vez atingido esse patamar de entendimento, temos plena certeza que
todas as pessoas, independentemente de seu entendimento ou denominação,
estão carentes, por isso mesma à procura de uma mensagem que lhe dê
tranquilidade espiritual.
Nesse
estado, elas estarão dispostas a interagir uma com as outras na busca
do conhecimento. Por esse motivo cada cristão deve ter em mente a
seguinte inquietação: que devo transmitir aos meus semelhantes?
É bom lembrar que só existem dois caminhos, o do bem, atrelado a verdade, e o do mal, escravizado à mentira.
As
pessoas que normalmente defendem suas denominações e seus mestres, na
maioria das vezes, não usam de firmeza racional. Essas criaturas estão
tendentes a aceitar a facilidade das falsas promessas humanas,
preferindo as ilusões. “Porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.
Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis
para nós o que é reto: dizei-nos coisas aprazíveis, e tende para nós
enganadoras lisonjas. Desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda: fazei que deixe de estar o Santo de Israel perante nós.” Isaías 30: 9 – 11.
Esse
é o desejo de muitas pessoas que deliberadamente optaram pelo engano
próprio, fizeram o mal uso de seu livre arbítrio, contudo, Deus aceita
as escolhas descabidas, no entanto legítimas, de cada um de nós.
Lembre-se, aquilo que Deus nos deu, Ele não pede de volta. O Livre
arbítrio é nossa garantia, portanto, façamos bom uso do mesmo!
Por
outro lado, aqueles que aceitam a incumbência de refletir a luz de
Cristo, por conseguinte irão transmitir uma mensagem pautada na verdade.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8: 32.
Somente
Jesus, que é a verdade, tem o poder de libertar cada pessoa dos
conceitos errôneos das instituições religiosas e, principalmente do
desprezo pelos membros e pelas demais denominações, substituindo esse
desamor pelo respeito a tudo e a todos, uma vez que essa é a vontade de
Deus!
No
grande projeto de Deus, no entendimento de Paulo, não há lugar para
dissensões ou divergências no tocante aos interesses, apesar da
diversidade de opiniões, todas as pessoas são uma em Cristo Jesus.
Como o interesse é só um, cada pessoa deve atender ao ide, que é a comissão proposta por Deus, a cada ser humano. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura.” Marcos 16: 15.
Todos
nós sabemos que o ‘ide’ está no modo imperativo, portanto, é uma
atribuição que deve ser rigidamente obedecida, contudo não é uma
imposição. Quando Jesus instituiu o ‘ide’ Ele o fez com firmeza
racional, todavia, repleto de amor dizendo: ‘ide todos vós, por todo
mundo, pregai as boas novas a toda as pessoas’.
Assim percebemos que o ‘ide’ é uma atribuição com características específicas, quais sejam: todos pregando a todos.
Se
todas as pessoas pregam seu entendimento da Palavra a todo semelhante
seu, consequentemente elas irão se deparar com a segunda característica
do ‘ide’. Todos ouvindo a todos.
É certo que cada pessoa irá divulgar a mensagem da forma concebida por ela, isto quer dizer, com seus erros e acertos.
Uma
vez que toda criatura divulga seu entendimento e, por conseguinte ouve a
compreensão de todos, isto com seus erros e acertos, como filtrar essas
mensagens? Essa é a terceira característica do ‘ide’: todos retendo somente o que é bom. “Não desprezeis as profecias; Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5: 20 e 21.
O
mais interessante nesse verso, é que ele deixa patenteado que todo
entendimento, de qualquer que seja a denominação, sempre tem coisas boas
para se reter, como também, todas elas têm coisas ruins para ser
desprezadas. Ou seja, erros e acertos teológicos! Nenhuma é totalmente
errada ou, absolutamente correta!
Nesse
ponto de nosso entendimento, já compreendemos qual deve ser a postura
de cada ser humano como mensageiro da paz. Entre os atributos de cada
pessoa, está o de saber ouvir, para ter vários referenciais que os
capacitem a tomar a sábia decisão de reter para si, o melhor.
Mas
como fazer isso, se ainda existir dentro da pessoa a barreira da
discriminação religiosa? Só existe uma maneira, fazer uso do antídoto
que é capaz de demolir todas as barreiras que provocam segregações.
Sejam de caráter pessoal, institucional, ou mesmo eclesiástica!
Esse antídoto está disponibilizado no livro de Gálatas 3: 28 “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há masculino nem feminino; porque todos vós sois um, em Cristo Jesus.”
No
meu entender, a pessoa descrita neste verso é a maior demolidora das
barreiras discriminatórias, uma vez que essa pessoa foi quem criou a
todos, e tudo Lhe pertence. Sendo assim, Cristo tem autoridade em Si
mesmo para sugerir que não deve haver barreiras entre as pessoas, nem
mesmo sobre as denominações!
Isso pelo simples motivo: se todos vieram dEle, a Ele pertencem, são, portanto, um em Cristo Jesus.
Esse é o nosso grande desafio, reconhecer que somos um com as outras pessoas, bem como, com as outras denominações.
Quando reconhecemos que somos um em Cristo Jesus, compreenderemos que Cristo não estabeleceu exclusividade com ninguém!
Por isso, temos de eliminar do nosso conceito a teoria de que a nossa denominação é a única igreja de Deus.
Parece até, que nós temos dificuldade de entender que ser um em Cristo, é totalmente diferente de ser único.
Essa
é a interpretação que normalmente damos em relação a nossa denominação.
Por isso concluímos: a minha congregação eclesiástica, é a única igreja
verdadeira de Deus. Que absurda presunção!
Sendo
assim, ser um em Cristo, é totalmente diferente de ser único. Ser único
é sinônimo de individualidade, que corresponde a egoísmo. Como temos
ciência, o egoísmo é um defeito de caráter que deve ser banido de cada
pessoa.
Mesmo
porque quando a pessoa se torna egoísta, que é aquele tipo de pessoa
que ama a si mesma, ela adquire uma série de outros defeitos que nos
distanciam cada vez mais do amor, que é Deus!
“Sabe, porém, isto; que, nos últimos dias, sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos (egoístas), avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Timóteo 3: 1 – 5.
Se
essas características não forem afastadas da pessoa, ela irá encontrar
dificuldades para se sentir um em Cristo com as demais denominações, bem
como, com seus membros.
Em contrapartida, ser um em Cristo, é sinônimo de coletividade, é ter unidade na diversidade.
A
pessoa tem de ter a sensibilidade que todos têm seus defeitos e suas
virtudes, compete a cada um, aceitar os demais, com suas imperfeições e
sua firme disposição e constante busca para a prática do bem.
Assim,
para vencer a animosidade que por certo existe, basta reter somente
aquilo que é bom! Agindo desta maneira, se consegue ter unidade na
diversidade!
A
grande pergunta que cada um deve fazer a si mesmo é: estou mesmo sendo
um com Cristo, será mesmo que estou mantendo um relacionamento saudável
comigo mesmo, com meu semelhante e com Cristo, a ponto de que minhas
debilitadas ações venham a refletir a vontade do Pai, para que as
pessoas percebam que Cristo é o referencial, e não eu?
Essas interrogações deverão ser as chaves para o sucesso relacional de cada indivíduo!