IDE - Carta à Igreja de Pérgamo

CARTA À IGREJA DE PÉRGAMO

Educador Glauco César

NOTA DO ARTICULISTA -  Veicule nesse blog, seu artigo sobre esse mesmo assunto, remetendo seu texto para o e-mail janelaprofetica@hotmail.com

        Uma vez que uma determinada opinião é postada, e outra sobre o mesmo assunto também é veiculada, abre a oportunidade aos leitores de entrar em contato com vários entendimentos e, assim, concordar ou discordar das mesmas, enriquecendo desta maneira, seu cabedal de conhecimento.

Costumo imaginar a pessoa do discípulo amado na solitária ilha de Patmos, um tanto encurvado pelo tempo, beirando um centenário de idade, naquele dia de Sábado, em êxtase, um tanto pasmado e, até mesmo assombrado, ante tantas revelações que os deixa cheio de admiração e, não menos amedrontado!

Ele não imaginava que ainda muitas coisas iriam sobressaltar a sua mente a ponto de inquietá-lo ante a obrigação de repassar, com todos os pormenores. Fato este, que os deixava ainda mais atemorizado!

Quando, de súbito, lhe sobrevém a terceira carta, desta vez destinada à Igreja de Pérgamo, cuja missiva, transcrevo abaixo!

¹² “E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz Aquele que tem a espada aguda de dois fios: ¹³ Eu sei as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o Meu nome, e não negaste a Minha fé, ainda nos dias de Antipas, Minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.¹⁴ Mas umas poucas de coisas tenho contra ti: porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. ¹⁵ Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que Eu aborreço. ¹⁶ Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da Minha boca. ¹⁷ Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, darei Eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”.

É bem verdade que, as revelações apocalípticas, da forma que foi concebida por João, para ser minunciosamente compreendida, se faz necessário que o Escrutinador Eterno, dotasse as pessoas de iluminação, para que assim, todo ente vivo e animado, possa tomar uma postura legítima e própria em relação aos reclamos de Deus!

Seja qual for a sua atitude, Deus a recebe como digna de sua real vontade, fato que, redunda em vida ou morte eterna! Portanto, coloquemos um pouco de racionalidade interpretativa nessa carta direcionada à Igreja de Pérgamo.

A CIDADE DE PÉRGAMO

Para chegar à cidade de Pérgamo, devem-se viajar oitenta quilômetros de Esmirna para o norte, pela estrada costeira, e depois uns vinte e quatro quilômetros para o interior, através do vale do rio Caico onde ela está situada, hoje chamada Bergama.

O Palácio, os templos, teatros, ginásios e outros edifícios públicos da antiga cidade de Pérgamo foram edificados sobre uma elevada plataforma e nas encostas de uma alta colina. A parte residencial ficava no sopé dessa colina, no mesmo local da planície em que está situada a moderna cidade de Bergama.

Quando no cume da elevação, os habitantes de Pérgamo tinham uma visão geral das regiões circunvizinhas, por isso, parecia tão segura que não podia se tomar de assalto, e na realidade o era, exceto, por meio de astúcias.

Pérgamo foi fundada por colonizadores gregos Aeólios tornando-se um reino em 282 A.C. Quando veio a ser capital deste Domínio. Já era importante no quinto século A.C. Cunhava suas próprias moedas em 420 A.C. Reis depositavam seus tesouros nesta cidade por ser um lugar que inspirava segurança. Nesse tempo Lisímaco, um dos generais e sucessores de Alexandre, depositou o tesouro do Estado, no valor de 9.000 talentos de ouro, na sua potente fortaleza. Por motivos semelhantes a este é que surgiu o adágio da riqueza dos reis de Pérgamo. Esta localidade foi considerada a mais rica cidade do mundo, devido ao grande número de templos, teatros, ginásios monumentais, edifícios públicos e lindos parques.

Nessa cidade foram inventados os pergaminhos, depois que Ptolomeu V proibiu a exportação de rolos de papiro, com receio de que a biblioteca de Pérgamo tivesse mais ‘livros’ do que a de Alexandria. Essa biblioteca de 200.000 manuscritos foi mais tarde removida para o Egito, por Marco Antônio, oferecida a Cleópatra. Os árabes destruíram-na ao conquistarem aquele país.

Havia em Pérgamo uma espécie de hospital, dedicado a Asclépio, deus da cura, com recintos em que os doentes eram tratados, um anfiteatro para sua distração, quartos subterrâneos onde deviam ‘sonhar’ com o tratamento, e um templo arredondado, onde depositavam as suas dádivas. Na frente havia um monumento com duas cobras, símbolo da profissão médica. Galeno, o mais famoso médico da antiguidade, nasceu em Pérgamo.

Os romanos, em suas conquistas, apoderaram-se da cidade e fizeram-na capital da Ásia Menor, antes de perder essa honra para Éfeso. Pérgamo tornou-se sede de um tribunal. O Procônsul, governador da província de Pérgamo, fora investido do símbolo de autoridade: ‘a larga espada de dois fios’.

A cidade dos templos se tornou famosa pelo seu templo de Zeus, ou Júpiter. O altar de Zeus era uma obra prima de arquitetura e arte. No século dezenove, arqueólogos transportaram o altar deste templo para a Alemanha, onde ainda pode ser visto, junto com muitas estátuas e relevos de deuses pagãos, no Museu Pérgamo em Berlim Oriental.

Em Pérgamo havia também uma famosa escola de medicina, cujo emblema era a serpente ou o ‘Caduceus’ gêmea, em volta de uma haste.

Quando os persas conquistaram a Caldeia, cuja capital era a cidade dourada, Babilônia, estabeleceram liberdade a seus habitantes. Com o decorrer do tempo os sacerdotes revoltaram-se abandonando sua cidade, fugindo para Pérgamo e estabeleceram, nessa cidade, seu quartel general.

Pérgamo, desta maneira, tornou-se base do sistema dos mistérios da Babilônia (babel, confusão, satã). Pérgamo, então, tornou-se, figuradamente, o local de trabalho do general da confusão, Satanás, donde ele expede as suas ordens, na Ásia Menor.

Religião esta que, originalmente, foi edificada com a pretensão de estabelecer uma ponte entre o céu e a terra (Torre de Babel – Gêneses 11: 1 – 9).

Porém, o monarca governante tornou-se o líder desse sistema, absorvendo o título de o Edificador da Grande Ponte para alcançar o céu através, unicamente, dos esforços humanos.

Quando o rei de Pérgamo entregou seu reino aos romanos, todo esse aparato histórico e culto ao imperador foi transferido para Roma que se tornou, assim, o centro desse falso sistema de culto. Posteriormente, o cristianismo, foi absorvendo essa herança idolátrica.

Podemos até imaginar que tipo de mensagem o Senhor Jesus enviaria à congregação que vivia envolvida em meio a toda essa idolatria!

Será que o cristão moderno tem também acariciado alguns ídolos? Se for afirmativa nossa resposta, a essa interrogação, a carta direcionada a Pérgamo, também é, incondicionalmente, enviada para nós que, na atualidade, cultivamos ídolos em nossa vida cristã!

É incerta a origem do nome ‘Pérgamo’. O significado que lhe deram deriva-se da topografia da cidade: cidadela, acrópole, pico, altura. Estas palavras englobam as características peculiares da igreja cristã daquela época, anos em que os sacerdotes de Roma exaltavam-se a si mesmos e fortaleciam sua influência ao ponto de suplantar os imperadores romanos, tornando-se líderes políticos da Europa ocidental.

A IGREJA DE PÉRGAMO

 Jamais poderemos negar a existência de uma igreja cristã na cidade de Pérgamo, se assim não fora, não haveria uma carta direcionada àquela comunidade. Certamente que uma igreja cristã foi estabelecida naquela sociedade, evidentemente, durante a era apostólica, conforme sugere a narração contida no Apocalipse.

Historicamente essa igreja descreve a condição espiritual dos que viviam no tempo que corresponde ao terceiro período da igreja cristã, compreendendo de 313 a 538 de nossa era. No entanto, pode também descrever a nossa condição, bem como de toda e qualquer pessoa que esteja em animação de vida! 

No teor daquela epístola se faz referência as boas qualidades das pessoas, contudo, relata a morte de um fiel defensor de Cristo, por nome Antipas.

A missiva também faz severas repreensões, notadamente quando a igreja tolera de forma permissiva a idolatria e a imoralidade no seio dela!

Existe uma marcante denúncia, naquele relato, que assevera ter em Pérgamo ‘o trono de Satanás’, local onde ele habita! Duas são as alternativas para se localizar geograficamente esse lugar.

É claro que esse ‘trono de Satanás’ ou sua habitação, é uma referência apenas simbólica. Pois, ninguém de sã consciência, admite que o inimigo das almas, tenha um trono físico, além de habitar e entronizar em nossa própria consciência! Aliás, trono este que está sendo disputado por dois personagens; Cristo e o Diabo. Aquele que conseguir entronizar na pessoa, esse será de fato o Imperador dela.

Alguns comentaristas apontam, dentre duas edificações, uma delas, como sendo o provável monumento que foi descrito como ‘o trono de Satanás’. Uma dessas estruturas foi o Altar de Zeus, que media trinta e sete metros de comprimento, trinta e seis metros de largura e doze metros de altura. Era uma verdadeira obra de arte, com uma arquitetura arrojada. Era revestida de belos relevos esculpidos, retratando a guerra entre Pérgamo e os gauleses. Esse altar formava, naturalmente, uma grande atração para a cidade! Por ser um local de adoração ao principal deus pagão. Alguns comentaristas apontam-no como sendo o ‘trono de Satanás’, descrito no Apocalipse. Este templo era dedicado a Aesculápius, ‘o deus serpente’ ou ‘o deus da medicina’. Uma serpente viva era conservada sempre ali como um objeto de culto. Essa serpente viva, símbolo também do diabo, poderia justificar este local, como sendo o ‘trono de Satanás’.

Outra provável estrutura que poderia ser indicada como o trono do inimigo, era o Esculapião, uma intricada estrutura arquitetônica dedicada a Esculápio, o deus da cura. Era, na verdade, um grande e revolucionário hospital, muito concorrido, onde se tratava as doenças do físico, mente e alma. Nesse complexo havia salas para tratamento hidroterápico, um anfiteatro para entreter os pacientes, e quartos subterrâneos onde os internados deveriam dormir e, em sonho, receber dos deuses, o tipo de tratamento que deveriam ser submetidos. Havia também um templo circular, onde os pacientes, após a cura, deveriam depositar suas ofertas.

No pátio, esculpido em relevo, havia o monumento das duas cobras de Esculápio, símbolo da profissão médica, desde os tempos antigos até a atualidade! Essa narrativa justifica também o Esculapião, como o provável local, apontado como sendo o ‘trono de Satanás’.

A mim me parece que a característica geral da igreja de Pérgamo foi sua exaltação, uma vez que ela passou pela condição de uma seita condenada pelo Estado, banida e expulsa pela sociedade, elevando-se para a posição de populista e de poder na esfera humana! Todavia, com sérios prejuízos em sua identificação com Cristo.

Por isso mesmo, essa igreja passou a ser reconhecida como ‘igreja imperial’, por ter sido elevada a categoria de igreja oficial do Estado, onde os imperadores tinham predomínio sobre ela, também em assuntos espirituais. Essa supremacia do Imperador sobre a igreja, embotando a verdade de Cristo, começou com Constantino I o Grande!

Meu amigo leitor, como igreja, quem você tem permitido se assentar no trono de sua consciência? Só duas entidades concorrem a esse privilégio. Aquele que se assentar terá domínio e reinará em sua vida. Um deles te conduzirá para a perdição, o outro te retribuirá com a eternidade! Satanás ou Jesus? A escolha é unicamente tua!