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domingo, 7 de maio de 2017

Janela das Reflexões - O SENTIDO DA ARTE

O SENTIDO DA ARTE
Educador Glauco César



“A arte, como veículo de conscientização, torna-se numa ferramenta que melhora o mundo.”
Glauco César.

“Pode acontecer que a arte desperte realmente, por assim dizer, os vestígios residuais deixados no espírito pelas diversas emoções da vida, sem, contudo, fazer subir à tona as experiências correntes, de sorte que recebemos um eco da emoção sem a limitação e direção particular que teve na experiência.”
Roger Fry.

Apreciar a pintura e a escultura com os elementos de composição é estar em interação vívida com a beleza, a harmonia e o padrão, que é o tripé básico para a contemplação e compreensão das obras de arte.
Todavia, deve-se ressaltar que desde os desenhos primitivos das cavernas até as pichações de paredes, dos nossos dias, o artista procurou demonstrar sua necessidade interna, em forma simbólica, como quem procura o sentido da vida.
Tal postura habilita o observador a entender melhor a vida e, sobretudo o ser humano.
Sendo assim, é comum associar a arte a tudo àquilo que se distingue como ‘plásticas’ ou ‘visuais’, contudo, deve-se juntar a essa compreensão a arte da palavra, da música e da alma, sendo um reflexo das paixões e aspirações da humanidade.
Por isso, existe arte em tudo que é visível, audível e também naquilo que não é claramente perceptível.
Por sua vez, o artista, desde sempre, faz apelo diretamente ao público, sendo livre para criar obra de arte da própria consciência, sempre com a intensão de agradar, senão ao apreciador, pelos menos a si mesmo, como quem maquila suas inquietações.
É provável que para o artesão a arte plástica, talvez, também seja uma tentativa de criação de formas belas e agradáveis.
A nós outros resta a possibilidade de apreciar as formas harmoniosas, na superfície e massa, que venha despertar uma sensação agradável que cultue a beleza!
É possível que muita gente seja incapaz de perceber a verdadeira beleza naquilo que necessariamente não seja plasticamente belo. Provavelmente tais pessoas não desenvolveram sua sensibilidade por completo.
Saliente-se que o sentimento de beleza é relativo, é, portanto, um fenômeno muito flutuante, varia de acordo com as percepções de cada pessoa.
A arte é passível de muitas manifestações, cada pessoa deve estar disposta a admitir o senso genuíno desse sentimento em outra pessoa, com forma diferente de interpretação ou mesmo percepção.
Cabe ao observador, à sensibilidade de ver beleza em toda manifestação artística, sem querer rotular de genuína ou falsa, ao invés disso, deve avaliar os méritos relativos de qualquer exteriorização de arte.
Aquilo que denominamos de arte não é, necessariamente, beleza. Historicamente, para o homem da caverna, não foi, como não é sociologicamente na atualidade, sendo, muitas vezes, destituídas de qualquer beleza.
Portanto, arte é também uma forma de expressar sentimentos, desejos, frustrações e ambições. Este tipo de arte acarreta no observador, um sentimento de indiferença, desconforto ou mesmo fealdade. É o que acontece com os pichadores de muros, artistas marginalizados!
Podemos perceber a pichação como uma inquietação, que não se preocupa com estética, esta manifestação, bela ou feia, deve descrever-se como obra de arte. Neste caso, a arte implica em valores de natureza emocional.
Não podemos negar nos pichadores um sentimento estético, que corresponde a um estado de emoção ou de sentimento, nem tão pouco podemos deixar de perceber suas frustrações pessoais e ambições sociais. Então, o que se percebe é que o pichador dá expressão à emoção ou ao sentimento, e isto é arte!
Assim, como é monótono um poema perfeitamente regular, e os poetas nem sempre respeitam as regras de metrificação e ritmo para ter um resultado mais belo, tanto assim, os pichadores sentem não ser tão regular a verdadeira beleza, por isso, cultuam a liberdade de ser livre!
O Artista ‘de suporte alheio’ tem espírito distinto, bem como, sensibilidade distinta, revelando-nos algo original. Esse modo de exteriorizar sua arte está em harmonia com sua satisfação e sua concepção de beleza.
Sua obra de arte é tão vívida, que nos projeta para dentro da mesma, determinando nosso sentimento de reação ao que lá achamos e nos remete a ver as dimensões que ocupamos; rejeição ao diferente, ao que tachamos normalmente como negação da arte!
Sociologicamente arte é uma fuga ao caos, na ânsia incontida de encontrar o ritmo da vida. Essa definição encontra um encaixe perfeito, simétrico e todo suficiente no ‘artista de suporte alheio’, o marginalizado pichador de parede!
Ao observador, cabe à sensibilidade de compreender tal postura, divisando uma formula capaz de, ao menos, amenizar tal desconforto, que instalou no seio da sociedade hodierna.
A diferença entre o ‘artista de suporte alheio’ e outro artista que tenha sensibilizado positivamente o mundo, é que este, talvez, tenha uma visão mais ampla ou genérica, pois, trabalha seu objeto salientando suas inferências universais, ao passo que aquele, tem por objetivo primordial os problemas ou necessidades que vê e sente imediatamente pela frente, ele, então, trabalha sua obra de forma extremamente livre, arbitrária, mas, definida.
Esses dois exemplos de artistas demonstram ou exprimem para os olhos do observador um estado de sentimento. O que eles transmitem, indubitavelmente, é tachado de arte!
A diferença está no observador, ou seja, como ele analisa o que vê. Este deve levar em conta a arte como solução para as necessidades imediatas, quais sejam: O tempo em que se vive, bem como, a emoção e o anseio individual, que também é coletivo, portanto, de certa forma trabalha fatos universais, que em nada diferem do outro ângulo analítico!
Percebemos, então, uma relação interessante entre o artista, a arte, a civilização e o período que se vive.
A arte num todo, deve estar presente no pensamento e no sentimento, apelando-nos à nossa consciência sobre alguma apreensão intuitiva do autor. Nesse caso, deve ser julgada sob a luz da intensão que encerra.
Sua beleza está na mistura das tintas que se processam em nossas cabeças, provocando, por assim dizer, uma conscientização, pois, foi concebida pela apreensão emocional do artista, expelindo sua individualidade, ao partilhar um assunto comum, de um mesmo período, para uma geração materialista, daí ser pintada com a tinta do sangue quente da realidade!
Desta forma, o suporte artístico no qual a arte foi profunda e sensivelmente grafada, na realidade, deveria ser a nossa própria mente!
Só assim, com esse senso de conscientização, os observadores poderiam, em associação aos artistas, tornarem-se instrumentos essenciais, para dessa forma, melhorar o mundo!

Um comentário:

  1. Agradeço ao meu grande amigo PCdaniel Osb, pelo compartilhamento dessa minha simples opinião sobre arte!

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