O
SENTIDO DA ARTE
Educador Glauco César
“A arte,
como veículo de conscientização, torna-se numa ferramenta que melhora o mundo.”
Glauco
César.
“Pode
acontecer que a arte desperte realmente, por assim dizer, os vestígios
residuais deixados no espírito pelas diversas emoções da vida, sem, contudo,
fazer subir à tona as experiências correntes, de sorte que recebemos um eco da
emoção sem a limitação e direção particular que teve na experiência.”
Roger
Fry.
Apreciar
a pintura e a escultura com os elementos de composição é estar em interação
vívida com a beleza, a harmonia e o padrão, que é o tripé básico para a
contemplação e compreensão das obras de arte.
Todavia,
deve-se ressaltar que desde os desenhos primitivos das cavernas até as pichações
de paredes, dos nossos dias, o artista procurou demonstrar sua necessidade
interna, em forma simbólica, como quem procura o sentido da vida.
Tal
postura habilita o observador a entender melhor a vida e, sobretudo o ser
humano.
Sendo
assim, é comum associar a arte a tudo àquilo que se distingue como ‘plásticas’
ou ‘visuais’, contudo, deve-se juntar a essa compreensão a arte da palavra, da
música e da alma, sendo um reflexo das paixões e aspirações da humanidade.
Por
isso, existe arte em tudo que é visível, audível e também naquilo que não é
claramente perceptível.
Por sua
vez, o artista, desde sempre, faz apelo diretamente ao público, sendo livre
para criar obra de arte da própria consciência, sempre com a intensão de
agradar, senão ao apreciador, pelos menos a si mesmo, como quem maquila suas
inquietações.
É
provável que para o artesão a arte plástica, talvez, também seja uma tentativa
de criação de formas belas e agradáveis.
A nós
outros resta a possibilidade de apreciar as formas harmoniosas, na superfície e
massa, que venha despertar uma sensação agradável que cultue a beleza!
É
possível que muita gente seja incapaz de perceber a verdadeira beleza naquilo
que necessariamente não seja plasticamente belo. Provavelmente tais pessoas não
desenvolveram sua sensibilidade por completo.
Saliente-se
que o sentimento de beleza é relativo, é, portanto, um fenômeno muito
flutuante, varia de acordo com as percepções de cada pessoa.
A arte
é passível de muitas manifestações, cada pessoa deve estar disposta a admitir o
senso genuíno desse sentimento em outra pessoa, com forma diferente de
interpretação ou mesmo percepção.
Cabe ao
observador, à sensibilidade de ver beleza em toda manifestação artística, sem
querer rotular de genuína ou falsa, ao invés disso, deve avaliar os méritos
relativos de qualquer exteriorização de arte.
Aquilo
que denominamos de arte não é, necessariamente, beleza. Historicamente, para o
homem da caverna, não foi, como não é sociologicamente na atualidade, sendo,
muitas vezes, destituídas de qualquer beleza.
Portanto,
arte é também uma forma de expressar sentimentos, desejos, frustrações e ambições.
Este tipo de arte acarreta no observador, um sentimento de indiferença,
desconforto ou mesmo fealdade. É o que acontece com os pichadores de muros,
artistas marginalizados!
Podemos
perceber a pichação como uma inquietação, que não se preocupa com estética,
esta manifestação, bela ou feia, deve descrever-se como obra de arte. Neste
caso, a arte implica em valores de natureza emocional.
Não
podemos negar nos pichadores um sentimento estético, que corresponde a um
estado de emoção ou de sentimento, nem tão pouco podemos deixar de perceber
suas frustrações pessoais e ambições sociais. Então, o que se percebe é que o
pichador dá expressão à emoção ou ao sentimento, e isto é arte!
Assim,
como é monótono um poema perfeitamente regular, e os poetas nem sempre
respeitam as regras de metrificação e ritmo para ter um resultado mais belo,
tanto assim, os pichadores sentem não ser tão regular a verdadeira beleza, por
isso, cultuam a liberdade de ser livre!
O
Artista ‘de suporte alheio’ tem espírito distinto, bem como, sensibilidade
distinta, revelando-nos algo original. Esse modo de exteriorizar sua arte está
em harmonia com sua satisfação e sua concepção de beleza.
Sua
obra de arte é tão vívida, que nos projeta para dentro da mesma, determinando
nosso sentimento de reação ao que lá achamos e nos remete a ver as dimensões que
ocupamos; rejeição ao diferente, ao que tachamos normalmente como negação da
arte!
Sociologicamente
arte é uma fuga ao caos, na ânsia incontida de encontrar o ritmo da vida. Essa definição
encontra um encaixe perfeito, simétrico e todo suficiente no ‘artista de
suporte alheio’, o marginalizado pichador de parede!
Ao
observador, cabe à sensibilidade de compreender tal postura, divisando uma
formula capaz de, ao menos, amenizar tal desconforto, que instalou no seio da
sociedade hodierna.
A
diferença entre o ‘artista de suporte alheio’ e outro artista que tenha
sensibilizado positivamente o mundo, é que este, talvez, tenha uma visão mais
ampla ou genérica, pois, trabalha seu objeto salientando suas inferências
universais, ao passo que aquele, tem por objetivo primordial os problemas ou
necessidades que vê e sente imediatamente pela frente, ele, então, trabalha sua
obra de forma extremamente livre, arbitrária, mas, definida.
Esses
dois exemplos de artistas demonstram ou exprimem para os olhos do observador um
estado de sentimento. O que eles transmitem, indubitavelmente, é tachado de
arte!
A
diferença está no observador, ou seja, como ele analisa o que vê. Este deve
levar em conta a arte como solução para as necessidades imediatas, quais sejam:
O tempo em que se vive, bem como, a emoção e o anseio individual, que também é
coletivo, portanto, de certa forma trabalha fatos universais, que em nada
diferem do outro ângulo analítico!
Percebemos,
então, uma relação interessante entre o artista, a arte, a civilização e o
período que se vive.
A arte
num todo, deve estar presente no pensamento e no sentimento, apelando-nos à
nossa consciência sobre alguma apreensão intuitiva do autor. Nesse caso, deve
ser julgada sob a luz da intensão que encerra.
Sua
beleza está na mistura das tintas que se processam em nossas cabeças,
provocando, por assim dizer, uma conscientização, pois, foi concebida pela apreensão
emocional do artista, expelindo sua individualidade, ao partilhar um assunto
comum, de um mesmo período, para uma geração materialista, daí ser pintada com
a tinta do sangue quente da realidade!
Desta
forma, o suporte artístico no qual a arte foi profunda e sensivelmente grafada,
na realidade, deveria ser a nossa própria mente!
Só
assim, com esse senso de conscientização, os observadores poderiam, em associação
aos artistas, tornarem-se instrumentos essenciais, para dessa forma, melhorar o
mundo!
Agradeço ao meu grande amigo PCdaniel Osb, pelo compartilhamento dessa minha simples opinião sobre arte!
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