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domingo, 25 de setembro de 2011

Violência no Ambiente Escolar

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A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR
CORROMPE A PUREZA DO ENSINO-APRENDIZAGEM
(2011)

Glauco César de Lima e Silva

Graduado em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru – FAFICA, tem Pós-Graduação Lato-Sensu em Gestão Escolar pela UNICID, é professor do ensino fundamental pela rede municipal de ensino, Caruaru – PE.

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RESUMO

            Este artigo coloca em evidência para apreciação um tema que com freqüência é discutido no meio educacional, em face de sua constante aparição no ambiente escolar, a violência em todas as suas múltiplas maneiras de ocorrência ou extensão. O articulista enquadra a violência como decorrente da violação das regras mais simples, maculando progressivamente até as mais complexas. Ela parte de uma simples indisciplina, ou seja, é contrária à disciplina, e numa negativa evolução, transita pela desobediência, passa pela desordem, torna-se numa rebelião incontrolável, crescente e sem limites, descrita como violência. Tudo isso é arremessado violentamente em todas as direções, sem um alvo comum, atingindo o próprio agressor, seus colegas, violentando principalmente o corpo docente. É objetivo deste texto, demonstrar, para compreensão de todos os envolvidos no sistema educacional, as possíveis causas e problemas que permitem que fatos dessa natureza aconteçam em sala de aula. Assim, esse trabalho tem a finalidade de auxiliar o educador a manter em nível aceitável o relacionamento do aluno consigo mesmo e com a sociedade, aí incluindo a família, os colegas, superiores, tais como professores, autoridades e, principalmente com Deus. Em se dando ênfase a esse trabalho, tanto no lar quanto na escola, através de uma dinâmica de ação reflexiva, redundará no sucesso da sala de aula. Portanto, foi feito um levantamento bibliográfico e Pesquisa de Campo através da observação participativa, em sala de aula, como também, da técnica de observação sem nenhuma intervenção intencional no fenômeno observado, neste caso, no ambiente familiar. O autor concluiu que os estudantes necessitam de regras que imponham limites que conduzam os educandos à obediência para aprenderem a governar a si próprios. O trabalho é finalizado com a consciência de que, se conhecendo o caminho da violência, se encontra a alameda do retorno à civilidade e, assim se evitará a severa disciplina que a vida impõe aos que trilham o caminho da intolerância.

Palavras-chave: Indisciplina, Conflito, Violência, Desafio, Aprender, Civilidade, Educação.      

1 – INTRODUÇÃO

A formação do caráter é a obra mais importante que já foi confiada a seres humanos, e nunca dantes foi seu diligente estudo tão importante como hoje. Jamais qualquer geração prévia teve de enfrentar transes tão momentosos; nunca dantes moços e moças foram defrontados por perigos tão grandes como hoje. (WHITE, 1977, p. 235)
            Por acreditar no envolvimento da educação na formação da cidadania e reconhecer o valor dos conhecimentos científicos e aquisições literárias como fatores preponderantes para formação da civilidade, por compreender que essa instrução deve desenvolver, a capacidade e a cortesia no educando e, buscando nesse tripé: conhecimento, capacidade e cortesia, é que o educador procura formar o caráter do educando.    
            Na marcha para a formação da cidadania, que se inicia no lar, a escola tem uma parcela importante a desempenhar, que tem sido obliterada pala indisciplina que, ano após ano se agrava, alcançando o patamar da violência.
            É sabido que uma das funções da escola é instruir e preparar o aluno para a vida, isto se dá através do enriquecimento do seu intelecto, para que a criança desenvolva um nobre caráter, onde suas habilidades sejam dirigidas por princípios inabaláveis.
            No entanto, dada a presença da indisciplina e da violência no ambiente escolar, sobretudo na sala de aula, a pureza do ensino-aprendizagem tem sido corrompida.
            Se esse estado de coisas permanecer, inviabilizará a atuação dos modeladores de caráter – os professores. A sala de aula tornar-se-á num ambiente inadequado para o processo educativo.
            Este trabalho surgiu justamente para demonstrar que a série de ações sistemáticas visando ao resultado educativo ainda pode ser realizada plena e satisfatoriamente no ambiente escolar, mais propriamente na sala de aula.
            O grande desafio tem sido abrir caminho em meio a tanta confusão, indisciplina e violência e, através de uma metodologia que não faça uso da coação para não constranger o aluno, nem infringir as regras impostas por leis.
            O grande entrave é que as leis que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente premiaram esses pequenos cidadãos, com uma série de direitos, sem, no entanto, impor-lhes algum dever ou, sequer colocar alguns limites.
            O principal empecilho para o educador é a falta da normatização que estabeleça o caminho a ser trilhado pelo mestre para fazer com que criaturas que chegam à sala de aula em estado de irritação, com o espírito colérico que agita e tumultua sendo contrária à razão e justiça e que, ao serem repreendidas se arvoram dentro de seu direito, possam ser conscientizadas e, entendam que estão fora dos justos limites, portanto, são intoleráveis suas atitudes.
            Desta maneira o educador necessita de uma metodologia que não obrigue nem force o aluno a coisa alguma, que não violente a consciência do instrutor nem do aprendiz e, que mesmo assim, seja eficiente a tal ponto, de em meio a tanto tumulto ela seja capaz de reter na memória do educando os conhecimentos dados.
            Essa idéia tem que ter um peso tal, que seja capaz de mudar de forma permanente o comportamento e isso como resultado de treino ou experiência anterior, que infelizmente não foi transmitido ainda, sequer pelo Ministério da Educação.
            Contudo, o professor, esse verdadeiro herói, ‘tem que fazer das tripas coração’ para que seu ensino ‘caia como uma luva’ sobre o educando, envolvendo-o de tal maneira, a ponto de sensibilizá-lo e, por conseguinte, levar o aluno a aceitar de bom grado a instrução, a cortesia e a civilidade.
            Não podemos simplesmente responsabilizar os alunos por esse estado de coisas. O que acontece na sala de aula é um reflexo do mundo hodierno e suas políticas educacionais e comportamentais.
            É imprescindível que essa situação seja, o quanto antes, alterada para melhor, através de novos estatutos, no que se refere às crianças e adolescentes e, políticas educacionais que possam ser incrementadas a fim de possibilitar o mestre a desenvolver tranquilamente seu papel.
            Enquanto isso não acontece, o educador terá que fazer uso de sua criatividade, para realizar nesse país o milagre da educação.
            Em relação ao estado de penúria em que se encontra a educação, o professor Rogério Chociay, poeta e prosador satírico escreveu:
Agora muito cuidado
Com a escola dos pirralhos!
Educação evasiva,
Sem limites, permissiva,
Não forma, cria paspalhos!
(CHOCIAY, 2010, p.68)
            Para não se perpetuar uma educação com esses moldes e, na tentativa de melhor compreender a teia de influências, repercussões, bem como, procurar melhorar a educação é que desenvolvemos esse trabalho.

2 - DESENVOLVIMENTO

Nunca em tempo algum se esperou tanto de cada professor a habilidade de transformar suas aulas em oportunidades onde o infante possa, ao se deparar com situações adversas, que geralmente ocorrem no ambiente escolar, tirar proveito das diferentes situações para capacitar o menor a equacionar os entraves que a vida, certamente, colocará em seu percurso.
Essa aptidão requerida do mestre, na maioria das vezes, tem sido adquirida através de uma busca incessante do próprio educador, em face de que cada situação exige uma conduta diferenciada e criativa, engenhosidade obtida por nutrir pensamento crítico, numa resolução positiva do mesmo.
Cada pessoa tem que enfrentar sua própria realidade na grande luta da vida. A todo instante ela é chamada a enfrentar batalhas, quer seja de oportunidades ou, responsabilidades. Nesses combates ela poderá amargar derrotas ou, comemorar seus triunfos.
            Cabe tão somente a ela o resultado desse enfrentamento, se fracasso ou vitória. Tudo vai depender de seu preparo – sua educação.
            Na grande guerra educacional, os docentes enfrentam a cada dia uma batalha desigual e desumana, com a violência reinando no ambiente escolar.
            É impossível imaginar que a formação do aluno na construção do seu conhecimento aconteça em um ambiente tão pesado e desigual, já que a verdadeira educação se preocupa com o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades.
“A verdadeira educação... Significa mais do que a preparação para a vida presente. Visa o ser todo, e todo o período da existência possível ao homem. É o desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, intelectuais e espirituais”.  (WHITE, 1977, p. 13)
            O certo é que a escola e a sala de aula refletem apenas o despreparo da ‘grande educação’ como um todo.
            Conhecemos muito bem o problema da indisciplina, o desrespeito à autoridade do professor, ao companheirismo dos colegas, fatos que transformam a sala de aula em picadeiro e palco de constantes conflitos, tornando a docência um grande obstáculo para o professor.
            É sabido que o educador é um modelador de caráter. Temos ciência que é nos primeiros anos no lar e na escola que se desenvolve a mente, que se estabelece um padrão de vida e que se forma um caráter.
 Num primeiro momento, apenas para nos situarmos, precisamos saber como a indisciplina e, consequentemente a violência adentraram no ambiente escolar de uma forma tão avassaladora, se instalando e ali permanecendo, até de forma soberana.
A partir da segunda metade da década de 1980, com o fim da ditadura militar, o ensino que houvera sido paulatinamente corroído e desgastado, ao invés de mudar para melhor, continuou como no tempo dos militares, prosseguia de forma lenta, gradual e pacífica se consumindo, tanto nos seus princípios orientadores, perdendo de vista os pormenores curriculares, quanto influenciando o seu público alvo, o alunato, a exercer uma falsa-liberdade, em face do longo tempo de recessão.
            Sem saber lidar com a liberdade, o aluno se envereda para a libertinagem, adquirindo caracteres de licenciosidade.
            Após o período de opressão, de posse dessa liberdade, o educando se vê estimulado pela sua própria interpretação, por se achar livre e isento de restrições externas ou, coação física e moral, a poder exercer livremente sua vontade, sem dever contas a ninguém, desrespeitando a tudo e a todos.
            Tudo isso associado ao fato do país passar por uma forte crise econômica, com uma inflação assoberbada, penalizando a camada mais pobre da população, que assistia extasiada a marcha do desemprego aumentar com uma volúpia incontrolável.
            Assim, o somatório disso tudo leva o povo a reagir e, o estudante, despreparado, como parte integrante e, portanto, insubstituível do povo, agora sem disciplina, limites e arrotando direitos adquiridos e conquistados até mesmo pela força, passam a conturbar seu ambiente de aprendizagem.
            Hoje, é natural se perceber que ao professor ultrapassar os portais da sala de aula, sua primeira conduta é tentar abafar as animosidades que já se fazem presente, para isso ele tem que demonstrar sua autoridade, uma vez que entre seus encargos compete ao mestre, através de sua influência fazer respeitar as leis da civilidade.
            A partir dessa ação do educador, feita com firmeza racional, provoca uma reação natural entre os alunos, que passam a competir com o professor, para demonstrar que, eles mesmos são os que ‘mandam na sala de aula’.
            Certamente para os diversos problemas de indisciplina que surgem diariamente em cada aula, só existe uma maneira para combater essa praga, é justamente, aplicando o antídoto, que é a disciplina. É sabido que não existe outra opção, senão essa.
            No entanto, alguns crêem que essa disciplina não pode ser aplicada de forma individualizada, somente em termos coletivos, pois a correção individualizada serve como justificativa para práticas despóticas adotadas pela escola e, especialmente, pelo professor. Isso para não ferir os direitos individuais do aprendiz.
            Só se pode falar em disciplina escolar em termos de coletividade, onde uns não possam perturbar o trabalho dos demais. (ZÓBOLI, 2000)
            Partindo da premissa de que a indisciplina no mínimo é um movimento que colabora para a desordem, chega-se à conclusão que não existe crime nenhum de combatê-la, uma vez que, torna-se quase impossível haver aprendizagem num ambiente de atmosfera pesada.
            Muito dificilmente o professor tem sido arbitrário, ou usado de abuso, com decisões próprias sem fundamentos em leis ou regras, imaginem então ser um déspota. Não quero aqui dizer que não exista só que, não se pode generalizar. Na maioria das vezes o professor é aquele tipo de pessoa que, por acordo das partes: escola-professor-aluno, resolve em sala de aula as questões pertinentes, por ser a autoridade suprema da sala.
            Não é nosso objetivo acusar ou mesmo defender qualquer ideário das diferentes teorias pedagógicas, muito pelo contrário, queremos apenas colocar cada coisa em seu devido lugar e, tentar dessa maneira ajudar o professor em sua missão tão espinhosa quanto gratificante!
            É sabido que a autoridade é algo natural que deve existir sem descargas de adrenalina, seja para se impor ou se submeter, pois é reconhecida espontaneamente por ambas as partes (TIBA, 1996).
            Concordamos, em parte, desse entendimento, só não comungamos na questão da descarga de adrenalina, quando essa autoridade é exercida em sala de aula, pelo simples fato da aprendizagem ser um fenômeno que provoca emoções de ambas as partes, sendo uma prática por demais excitante.
            É que alguns críticos chegam a apregoar que a educação escolar tem feito uso da prática da instrução coercitiva, por reprimir e impor pena. Nenhum mal existe em se reprimir as ações maléficas do aluno, nesse caso, não é o aluno que está sendo reprimido e sim, sua falha de caráter. Na verdade o bom professor não impõe pena, ele dá limites, que é a ferramenta capaz de lapidar o caráter do educando, e quando o faz, é aplicado de forma branda, suave, mas, com firmeza racional.
            Outros censuradores justificam a indisciplina e violência como resultante da queda do mito de que a escola era garantia de ascensão social, ou seja, o diploma era garantia de emprego ou status, por conta desse fenômeno, apregoam então, que ficou mais difícil o educador manter a ordem através da ilusão de dias melhores.
            Cuidado com o silêncio humano. Esse, muitas vezes esconde disfunções agudas, problemas emocionais terríveis (ANTUNES, 2002).
            Será mesmo que para se manter o devido decoro no ambiente escolar seja necessário fazer uso da ferramenta do engodo para enganar os sentidos e a inteligência dos aprendizes? Que tipo de educação, então, seria essa?
            De uma coisa o aluno deverá ter certeza, os dias piorarão se hoje ele não construir um amanhã melhor. Tenha sempre em mente que o futuro não é uma ilusão, é a garantia do aproveitamento total do seu único momento aceitável de sua vida, o agora.
É função do professor, preencher o vazio humano que existe em cada aprendiz, com motivos de reflexão. Agindo assim ele testemunhará a transformação do caráter, perceberá que as disfunções agudas e os terríveis problemas emocionais desaparecerão, surgindo um ser reflexivo e coerente. Este é o milagre da educação. Portanto, também é função do educador aproveitar o silêncio humano ao invés de temê-lo.
A evasiva de que a escola que defende a disciplina como meio para uma boa aprendizagem, torna desiguais as chances dos alunos, por não conseguir encaixarem-se nos moldes oferecidos per ela, faz dela uma instituição excludente, é falsa.
A verdade é que o mestre trata igualitariamente a todos, contudo ele respeita as individualidades, o que ele não deve fazer uso é de ‘dois pesos e duas medidas’. Ele tem mesmo que ter um tratamento unitário, em meio às especialidades individuais. E isto é fácil se compreender, pois, ele é o instrutor de uma turma – unidade – composta por diversos elementos – coletividade. Isto sim é manter a unidade em meio à diversidade!
A escola não é excludente. Como vimos, ela não exclui, nem tão pouco ela pode, em momento algum, usar de etnocentrismo, ou seja, aceitar as tendências ou normas e valores da sociedade ou cultura como critério de avaliação de todas as demais.
O que testemunhamos e temos ciência é que o tipo de cultura herdada pelos alunos e, consequentemente levadas à escola, é violenta, discriminativa, irracional, subversiva e contra a ordem. Como fazer um sincretismo com valores tão antagônicos? O aluno é que se exclui da sociedade por não ter aprendido nem ter vontade própria de conviver sob normas comuns ou igualitárias.
Na escola esse tipo de cliente, mais que os outros, precisam aprender a submeter-se aos regulamentos, para exercer as atividades comuns, pertinentes à aprendizagem e, defendê-las com critério.
Se isto não acontecer, vão continuar as relações autoritárias e opressoras que tem prevalecido na sociedade escolar, por parte dos alunos contra seus superiores imediatos, os professores e todos os demais funcionários. 
Pois bem, esse é o tipo de ambiente que o professor tem enfrentado diariamente. É preciso saber o que impele o aluno a agir dessa forma. Uma vez conhecida os fatores que geram este estado de comportamento, é preciso então definir a quem é atribuída a correção, à família ou escola? Seja qual for a resposta, surge então, outra inquietação: qual é a responsabilidade do professor? São questões a serem respondidas!
O comportamento humano é concebido pela resultante das variadas influências que recaem sobre o indivíduo no decorrer de seu desenvolvimento.
É ponto pacifico o entendimento de que o esfacelamento da instituição familiar influencia de modo negativo as relações interpessoais, afora isso existem ainda outros agravantes, tais como a influência de seu próprio ambiente, bem como as influências externas, quais sejam os meios de comunicação e, outros instrumentos.
Alguns estudiosos do assunto demonstram a importância da família no processo ensino-aprendizagem, justamente por herdar dos pais suas características de personalidade, bem como a aquisição das práticas domésticas são decisivas e determinam o grau de comprometimento relacional.
Assim as crianças aprendem a se comportar, na maioria das vezes, conforme o modelo familiar herdado e adquirido, tanto na família quanto no ambiente social em que vivem como também de outros agentes influenciadores.
Pode-se então deduzir que na maioria dos casos o problema da indisciplina tem seu foco principal na família, e que por um motivo ou outro não foram corrigidos no lar.
 Quando o aluno é taxado de indisciplinado, no sentido de não ter recebido a devida disciplina e limites no lar, ao chegar à escola, normalmente é sinalizado que o mesmo necessita de entrar em processo de aprendizagem comportamental e educativa.
Nesse processo o aprendiz entra em conflito consigo mesmo e externa tal desequilíbrio para o ambiente escolar. É assim que na maioria das vezes surge a indisciplina. Cabe então ao educador ter a habilidade de transformar esse conflito interior numa simples discordância, que é o princípio básico da aprendizagem. Mesmo porque sem discordância não existe aprendizagem plena.
É sempre bom ter em mente que dentre os princípios da educação está o aperfeiçoamento, que pressupõe a existência de defeitos de caráter, que deverão ser corrigidos e, assim, possa complementar o caráter com novas virtudes, para que o aprendiz venha a sofrer a devida transformação, eliminando as falhas, corrigindo algum defeito e desenvolvendo novas virtudes.            
            Percebemos então que a sociedade humana está em constante transformação, por isso mesmo tem suas contradições que são compreendidas através da dinâmica da mudança e do desenvolvimento coerente, quando canalizada para o bem e, incoerente, quando trilha o caminho do mal.
            O que tem acontecido é que desde a infância a criança é estimulada à rivalidade e, abusado de seu direito de satisfazer seus sentimentos inferiores com o intuito de tirar proveito dos outros, forjando uma disputa pela supremacia. É exatamente o que tem acontecido em sala de aula.
            O grande perigo é que essas crianças ao alimentar suas ambições, geralmente usam de desonestidade, tornando-se ambiciosas e descontentes, elas nutrem espíritos inquietos e turbulentos, tornando-se numa ameaça à sociedade.
            Dentre suas ambições elas desenvolvem o desejo de riquezas, de poder ou mesmo de glória, e o fazem de forma a não respeitar os direitos dos outros, isso tem então gerado uma série de indisciplina e violência.
            A maneira mais coerente de lidar com esse tipo de comportamento são denotando apreço e simpatia, fazendo o aluno perceber que se continuar agindo dessa maneira irá obliterar seu sucesso futuro. Assim o aprendiz deverá ser animando a corrigir as falhas usando para isso suas virtudes. É importante, porém, não louvar em demasia seus acertos, para evitar que ao se corrigir um defeito se fomente a vaidade ou arrogância, que é um grave defeito de caráter.
            É de bom alvitre que o aluno conheça as regras da escola e que possa participar da elaboração das normas que serão postas em vigor na sala de aula. Assim o aluno sentirá responsabilizado a obedecer às regras que ele ajudou a formular. Essa é uma maneira inteligente de manter a ordem e a decência no ambiente escolar.
O importante é que essas poucas normas tenham sido bem consideradas e, cumpre que sejam executadas.
Nunca a escola deve expulsar um estudante sem que antes ele tenha tido toda oportunidade de se corrigir. Se, porém, ele não tem tirado proveito dessa oportunidade, e ainda insiste em desrespeitar o governo da escola e, se seus atos estão influenciando negativamente outros alunos, torna-se necessária sua expulsão.
Quando o estudante percebe que seus erros, falhas e dificuldades foram vencidas passam a dar mais valor à escola, justamente por ter conseguido transformar suas derrotas no degrau para suas vitórias, sucesso este que torna a vida digna de ser vivida e, um motivo a mais para comemorar seu êxito.         
É sabido que o homem é um ser histórico que em meio às influências da sociedade aprende a construir seu futuro num processo de interação social que desempenha um importante papel na organização e formação do pensamento, que tem função determinante ao auxiliar na capacidade de auto dirigir-se.
Desta maneira, também é função do professor criar no aprendiz um ser social, este por sua vez, através de sua nova compreensão do mundo, recriará seu ambiente familiar, com o intuito de transformar a sociedade, independentemente de sua etnia, cultura ou religião, sendo, portanto, previsível o esperável da espécie humana.
Isso só será possível através da associação, educador e educando, sem a qual o aprendiz não conseguiria realizar essa transformação, mas que futuramente poderá fazer sozinho.
Está entre as funções da escola, ensinar o aluno a autogovernar-se, a agir de modo consciente e deliberado, isto só será possível através da disciplina escolar.
Disciplina esta, que para ser aplicada deve ser refletida: é coerente, justa e necessária? Se sim, aplique-se com firmeza racional! O que não pode haver é flexibilidade, pois, se assim acontecer, aquele que cometeu a infração, no caso o infrator, seria beneficiado, enquanto que os demais alunos seriam penalizados. E não aprenderiam através de exemplos externos.
Este trabalho não tem por objetivo apresentar soluções para as dificuldades enfrentadas pelos educadores no seu cotidiano escolar, pois a indisciplina e a violência continuarão existindo, mas o educador encontrará maneira de suplantar tais problemas.
Portanto, o objetivo é remover o obstáculo que esteja dificultando o desenvolvimento da aula, para assim, facilitar o processo de aprendizagem. Desta maneira, após a correção da indisciplina o aluno é conscientizado de seu erro e motivado a praticar a autocorreção, por conseguinte ele perceberá as vantagens de seus acertos.
Fazendo uso dessa prática pedagógica, o aprendiz não se sentirá reprimido, mas sim conscientizado, e estará aberto ao diálogo e, compreenderá o poder desse ensinamento. Este recurso permite a consolidação da relação do mestre com o seu discípulo, afastando deste, o fracasso nos estudos.

3 – CONCLUSÃO

            É evidente que todo aluno como qualquer ser humano tem muitas potencialidades e, procura fazer uso das mesmas com o intuito de dominar toda e qualquer situação, agradável ou desagradável. Ele sabe que precisa crescer cada vez mais, por isso, nutre o desejo de evoluir.
            Por outro lado, cada professor sabe que o aprendiz conta justamente com a sua ajuda para realizar de maneira satisfatória seus ideais. Por isso mesmo, com o intuito de ajudar o aluno em suas dificuldades, o professor faz sábio uso de ferramentas que ajudarão o educando a moldar seu caráter, tais como o estabelecimento de regras e normas que geralmente impõem limite ao seu discipulado.
            No entanto, alguns estudiosos consideram que se o mestre colocar regras e fixar limites, automaticamente estará fazendo uso de instrumentos de dominação, tornando o aluno um subalterno do professor.
            Essa é uma lógica equivocada que não passa de ortodoxia política que subvertem a lógica em nome de uma doutrina.
            Não resta dúvida que a escola é um componente determinante da ascensão social. Qualquer pessoa dotada da mínima inteligência sabe que precisa aprender a respeitar normas e regras que são seus deveres, para almejar melhores oportunidades, que são seus direitos.
            Privar o educando disso é o mesmo que lhe negar a chance de progredir na vida e, numa visão mais extrema lhe negar a própria existência.
            O afrouxamento das regras e leis, na sala de aula, tornou-se uma apologia de expressão popular que só redunda e contribui cada vez mais para perpetuar a segregação, aumentando continuamente a separação social entre ricos e pobres.
            Agindo dessa forma a escola perde seu sentido social, que é de ajudar na libertação dos menos favorecidos.
            Este é o legado deixado pela ditadura militar. Principalmente naquele período em que os estudantes, por princípio, contestavam qualquer tipo de norma ou autoridade, é claro, por motivos óbvios. Assim, era desfraldada a bandeira ‘é proibido proibir’, esse brado ecoa até hoje nas nossas escolas, tornando-se, desta maneira, num verdadeiro desastre.
            Essa teoria da proibição foi adotada como verdadeira e legítima e, passou a ser normatizada por leis federais, impostas por representantes do povo, que são meros teóricos e, infelizmente esse papel perigoso alcançou até os militantes da educação, no caso, os professores.
Agindo dessa forma, a escola só oferece um desserviço aos alunos e, principalmente à sociedade.
Hoje no Brasil têm-se ecoado de norte a sul, a violência e o desrespeito aos superiores, tudo isso, gerado, de certa forma, nas nossas salas de aula.
Urge, portanto, dirimir e, até exterminar tal conceito para retomar o caminho da decência, do respeito e da verdadeira liberdade. Aquela liberdade que impulsiona o homem para o desenvolvimento mental, físico, intelectual e espiritual.
Só com o domínio das tendências perversas e descabidas, poderemos contribuir para o avanço do país.
A escola precisa forjar cidadãos mais capacitados para preencher vagas que demandam alta qualificação, principalmente de caráter, que é algo crucial para a sociedade.
Não podemos mais permitir que nossos alunos se nivelem por baixo, aplaine igualmente por baixo nossa educação, pois, se assim continuar, acabaremos reduzindo as chances do estudante aprender a autocorreção e, construir um futuro promissor.
   É espantoso, mas se os professores não dominam as ações descabidas de seus alunos, também não conseguirá repassar para os mesmos o autocontrole ou domínio próprio, nem transmitir a cultura. Num ensino com essas bases, que se pode esperar desse país?
Sou a favor de combater a indisciplina e a violência no ambiente escolar, que nada acrescenta à riqueza educacional de nosso país. Mas também não endosso a tese de que os alunos são ‘um caso sem solução’.
Acho mesmo que o maior perigo da indisciplina, a meu ver, tem roubado da nossa juventude um tempo precioso em que ela poderia estar debruçada sobre os livros, construindo e aprimorando seu futuro.

4 – REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Professor bonzinho = aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. Petrópolis, Rj: Vozes, 2002.
CHOCIAY, Rogério. Poesia. Ciência & Cultura, São Paulo, n. 4, p. 68, out./nov./dez. 2010  
TIBA, Içami, Disciplina na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
WHITE, Ellen G. Educação. 5. ed. Santo André: CPB, 1977, p. 13
ZÓBOLI, Graziella Bernardi, Prática de Ensino: subsídios para a prática docente. 11ª. ed., São Paulo: Ática, 2000.